p/Manuel M. Caamaño
O Compostelano foi construído pólo carpinteiro de ribeira muradán D. Juan Malvarez Vaamonde nos estaleiros que estaban sitos no lugar da Gardiña, na praia da Virxe, preto do lugar da Acea (parroquia de Serres) do concello de Muros. Probablemente a súa botadura fose nalgún ano da primeira década do século XX .
Hasta aquí nada que non soubésemos, de feito creo haber publicado a súa foto na miña bitácora xa algunha vez.
O curioso do que aquí quero subliñar e o que ven a continuación.
Ollando a revista que se publicou a raíz do III ENCONTRO DE EMBARCACIÓNS TRADICIONAIS . E que tivo lugar no Grove os días 3,5 e 5 do mes de Xullo do ano 1997, topeime con esta nova que fora publicada nun diario Luso no ano 1946.
“UM LUGRE ESPANHOL FOI ENCALHADO NA PRAIA DE PENICHE E CONSIDERA-SE PERDIDO” (O SECULO , Lisboa , 29/10/1946)
Peniche ,29.- O Lugre espanhol “Compostelano”, de 120 toneladas, da praça de Vila Garcia (sic), de onde saiu no dia 22 para Sevilha, com um carregamento de barro e madeira, encontrava-se hoje, as 7 horas. Em frente do cabo da Roca, com água aberta.
Tendo procurado alcançar o porto de Lisboa não o conseguiu, devido o temporal, retrocedendo, por isso, com rumo ao norte.
Como ás 15 horas fosse avistado ao largo da costa sul, foi em seu socorro a trainera “Ângela Maria”, do Sr. Valeriano Moreno, com o Arrais Domingos Peres e o piloto deste porto que rebocou o lugre e o encalhou na praia. E considerado perdido.
O capitão, Sr Ramón Rodriguez e a sua tripulação saltaram em terra onde as autoridades marítimas lhes prestaram assistência.
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50 anos despois volve a aparecer o “Compostelano”, co dragado dos peiraos de Peniche aparecen os restos do vello pailebote muradán.
“No decurso das ultimas dragagens do Porto de Peniche em 1995, foram descobertos na parte NE. do Porto, em frente ao forte de cabanas, abundantes vestígios de madeira, alguns com grandes dimensões, que levaram ao porto o Sr. Pinto Soares, da Junta Autônoma de Portos, a assinalar á conservadora do Museu de Peniche a descoberta, pedindo para ser avaliado o interesse histórico do achado.
Após investigação preliminar subaquática feita póla própia Conservadora e pelo arqueólogo Jean-Yves Blot, foi pedida o Instituto Português do Patrimônio Arquitetônico e Arqueológico (IPPAR) uma autorização para registro (desenho, fotografia, vídeo) dos vestígios, trabalho que veio a ser iniciado em Janeiro de 1996.
As más condições de visibilidade debaixo da água naquela altura levaram a adiar os trabalhos até o Verão de 1996, altura em que, paralelamente a escavação arqueológica do Porto da Areia Norte…, foi executado o registro supracitado, que neste momento (24/9/1996) se encontra praticamente terminado.
A Investigação em curso permitiu provar tratar-se de um antigo navio á vela de grandes dimensões, tendo sido a metade traseira arrancada no decurso das dragagens.
A parte conservada corresponde á metade dianteira da embarcação, cuja madeira se encontra bem conservada devido em parte á presença de um carregamento de argila branca que manteve a estrutura de madeira “in situ”.
Encontram-se visíveis numerosas cadernas da parte central, unha escoa a sobrequilha com o ponto de implantação do mastro de tranquete, assim como toda a parte da proa do lado de bombordo, estando conservado o costado naquela zona, (…)
Uma investigação histórica do Dr. Lúis de Fonseca, de Peniche, levou a pressupor tratar-se do navio de transporte á vela (lugre) espanhol “Compostelano”, naufragado em 29 de outubro de 1946.
O interesse de tal navio reside no facto de se tratar de um dos últimos representantes da grande marinha mercante a vela, numa época na que a mecanização já tinha alterado o conjunto da arquitetura naval.
A conservação duma parte significante do casco do navio, alem do mais numa zona muito abrigada do Porto de Peniche, leva a considerar o sitio como mais um testemunho da historia local e por conseguinte , como local a preservar.
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Non sabemos se ao remate os restos do Compostelano foron sacados do mar e conservados nalgún lugar ou museo de Peniche.
Vaites que os restos aquel airoso veleiro que saíu da man do carpinteiro de ribeira muradán, acaso agora están nalgún museo do país veciño. E se non están, repousan baixo as augas da baia de Peniche, que tamén é un bo lugar para o repouso de tan fermoso navío muradán.